Marcelo Zacarelli

Marcelo Zacarelli

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13 janeiro 2011

Imunodeficiência


The Doors












Ouça-me... Uma vez mais me ouça
Os lampejos da hipocrisia passaram pelo vão da porta
Ouça escapar das mãos a vida mesmo que tardia
Ouça escorrer os conselhos de Jó
Os provérbios de exilados profanos
Poderão sustentar-me de pé?
Ouça-me... Não a mim, mas a cegueira da minha loucura
Os turbilhões nômades que penetraram as veias
A estridente e suave nota, a mais alta pervertida nota ecoar os tímpanos
Não posso parar de ouvi-la
É decadente o estado destes ossos viventes
Você não pode ouvi-la dentro de você
Ela te surpreende de lamentos
Usurpa a tua mente com silêncio ensurdecedor
Mas eu, não posso parar de ouvi-la
Faz parte de mim desde ainda menino
Do convívio com minhas células
Ainda posso rastejar como as serpentes
Desejar como embrião um dia nascer
E formar uma nova luz sem manchas
Eu me descobri tarde demais
As caravanas já haviam passado
Olhe para mim e veja o projeto de quem desce as sepulturas
Desarraigam as raízes da intolerância
Fada-me de esperanças libertinas
Fala-me se consegues entrar nos meus olhos e extrair as dores das minhas córneas
Mais que minha carne está doente os meus pensamentos
Olhe pelo vão da porta e não deixe escapar o vento
Ouça-me por alguns segundos
Não posso desistir da vida
Ela me faz bem, não posso parar de ouvi-la.

(Poema Surreal)

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
São Paulo, Janeiro de 2011 no dia 12

4 comentários:

Anônimo disse...

A Sensibilidade da alma, o socorro de quem sente a vida escorrer pelas mãos,faz o espírito se perder como música. Teus poemas são arrebatadores e nos passam uma mensagem de dor e esperança ao mesmo tempo. Zacarelli você é muito especial e Bonito, parabéns...

Eliza Campos Barrinha (SP)

Anônimo disse...

Mais que minha carne está doente os meus pensamentos...
Realmente impressiona os teus lamentos.

Wolfer Amaral Fonseca.

Anônimo disse...

A Vida está presente naquilo que sentimos, o desespero contido no suspiro da alma,nos lapida para uma esperança que ainda não o conhecemos. Teu poema nos revela a gritante e constante luta pela vida, quando muitos ainda vivo,parecem tê-la perdida há muito tempo. Sou tua admiradora Marcelo.
Renata Carla ( Público Gls).

Anônimo disse...

Exuberância e pragmatismo, um tempero de idéias que alucinam.

Rosangela Morgado.
Itu (SP).