Nas caravelas de Cabral
Havia uma garrucha enferrujada
E nesta terra de ninguém
O tiro não saiu pela culatra
Ofereceram a índios e adolescentes
Alguns espelhos e um português fluente
E o reflexo após quinhentos anos
É de um país doente.
Na Bahia das almas e da dor
Como salvador em Salvador desembarcou
Da ilha da madeira a pau Brasil
Muito rico voltaram e ninguém viu
Comeram as nossas minas
Exploraram as nossas minas
Na maioria mulatas e índias.
As caravelas descansam até hoje
No senado, no planalto e plebiscito...
Os espelhos já não têm tanto valor
Presidente, deputado, senador...
Anchieta virou nome de rodovia
Os índios catequizados morreram as minguas.
Cabral morreu envenenado
E em Portugal nem era rei
Mas o triunfo
Era um país de primeiro mundo
Há quinhentos anos
Nesta terra de ninguém.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Fevereiro de 2006 no dia 25. Mauá (SP)
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