Na plataforma
ainda queima um cigarro de palha
Queima feito
brasa na velha Rincão
No Rio da Onça
onde a saudade bebe água
Até parece de
argila o meu coração.
Eu sou um
caipira que nasceu em Barrinha
A estrada de
ferro que ajudei a construir
Porém uma luz
se acendeu por aonde eu vinha
Adeus para
sempre princesinha do Mogi.
Na malha
turística do circuito de frutas
O apito
irritado da Maria fumaça
Eu desembarquei
a São Paulo em suplício de luta
George Stephenson
que me fez uma arruaça.
Eu ouvia dizer
que por ali passava o café
No fim do
século dezenove
Eu era um
menino que tinha muita fé
Hoje a saudade
fez de mim um pobre homem.
Que me desculpe
o Apeadeiro de Portugal
Não há beleza
que me desperta ou me conduz
O Museu da
Língua Portuguesa eu não vi igual
E a Pinacoteca
do Estado do Bairro da Luz.
A estação
desenhada de um catálogo Britânico
A torre do
relógio arquitetada por Azevedo
São Paulo Railway
daqueles anos românticos
Em 1867 a
inaugurar em fevereiro.
Aos transeuntes
como eu que passam na estação
Que vão e que vem
do árduo trabalho
Assim era o
cotidiano nas ferrovias de Rincão
Dos tempos que
meus cabelos nem eram grisalhos.
Na plataforma
ainda queima um cigarro de palha
Queima feito
brasa na linda estação da Luz.
“Homenagem á São Paulo
458 Anos”
Pelo autor
Marcelo Henrique Zacarelli
Village, Janeiro
de 2012 no dia 10.
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