Teus lábios me
fez acordar de um profundo sono, há tempos havia descansado na monotonia dos
meus pensamentos. Já não encontrava palavras para expor meus sentimentos, meus
lábios estavam mudos, e descansava no som suave de uma música que parecia
jamais terminar. O tempo cobriu de teias o meu coração, eu já não sentia
mais... O fogo brando da lareira aquecida, já não aquecia a minha alma. Julgava
morto o meu corpo, consumido pela lembrança de um beijo. Andei tanto tempo
sozinho, quando na verdade nem mesmo sai do lugar, busquei tanto por um
objetivo, e agora descobri que estava tão perto de mim. É um tanto certo
perigoso este sentimento, não quero ter que acordar assim Derrepente e não
suportar a saudade, e tudo que conquistei estará arquivado num diário de palavras
esquecidas. Prefiro ter que te olhar pelo espelho, viver dos reflexos dos teus
beijos. Terei na memória as lembranças dos teus cabelos molhados, eu já nem
saberia como afagá-los. Tenho medo de acordar ao som de tuas palavras doces, e
me seduzir com o leve toque dos teus dedos, para que no pecado não haja mais
tempo de me redimir. Eu te suplico, não deixe que te toque o teu corpo, pois o
meu pode haver espinhos que possa ferir tua alma. Não me entregues a tua
sensibilidade, pois ela pode me parecer preciosa. Não deixe que roube os teus
sentidos, por que sinto como uma máquina desgovernada incapaz de controlar a
minha emoção. Você foi o despertar de um sono profundo, que me fez sonhar no
amanhecer, e me fez acordar sem vida no entardecer. Emudeça tua voz, esconda
teus lábios de minha boca, aumente o som da música agora, para que eu volte a
dormir e sonhar que estou te amando e nunca mais acordar.
*** Carta de um
homem que sente medo de amar, depois de muito tempo sozinho.***
Pelo autor
Marcelo Henrique Zacarelli
Itaquaquecetuba,
Julho de 1997 no dia 29.
Nenhum comentário:
Postar um comentário