Marcelo Zacarelli

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19 abril 2012

Ondina e a Cadeira


Na capitonê da cadeira verde musgo
Ondina rosna uma opera em toada
Derrepente um silêncio, quase susto
E a morte lhe parece descompromissada;

No cinzeiro um cigarro queima corpo inteiro
Para este parece que a morte lhe chegou mais cedo
A sorte é do pulmão do Aldo jornaleiro
Que dorme com as cinzas da bituca sobre os dedos;

O velho Red em fim caolho por luta
Bem travada nas províncias de Barbosa de Campos
Amontoa as orelhas de tão bem que escuta
A regência miserável pelos cantos;

O Big Bem na sala anuncia onze horas
Ondina ignora na cadeira, até que peida!
Malditos ponteiros oras bolas!
Há um restinho de quinta, quase sexta;

A mão inquieta procura pelo café quase frio
E derrama sonolência sobre a pífia sala
A boca arreganhada desprovida de um vazio
Para um golpe de amargo se prepara;

Subindo ou descendo a ladeira
A morte bem que cai de vencida
Talvez um dia volte para levar a cadeira
Um pouco mais pode esperar pela Ondina.


Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Village, Fevereiro de 2012 no dia 04.

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