Entre os gêneros é que te
perdestes
Franzina fêmea
Teus olhares absurdos, aguçados...
Querem que seja tu quem não és
Pois és tu quem não querem que
sejas;
Entre os girassóis te perdestes
A mais linda dália do Ártico
Sobre os aguilhões do preconceito
Vararam as tuas entranhas
Teu caule subitamente amordaçado
Palavras jogadas ao vento...
Bem sei quem tu és
Areia quente do deserto
Teus olhos marejados são lamentos
Sobrevive entre a sociedade das
flores
Em um covil de lobos esfomeados
Querem a tua carne vegetal
saciado
Apedrejam tua nudez com perjuras
Aquele a quem espera a primavera
Prematura no ventre dos
amantes...
Quando o sol descer à sepultura
dos montes
E a noite cair como noiva no teu
leito
Saberás que o inverno bate em sua
porta
Gemidos que uivam em vãos
pensamentos;
Franzina fêmea
Onde estão as rosas que te
acusastes?
Não sobreviveram ao duro golpe do
tempo?
Na geleira do preconceito brilhou
a luz do sol
Derramou o teu perfume feito
sangue
Exalou nas narinas da sociedade
Intoxicou a consciência dos mais
nobres ignorantes.
Pelo autor Marcelo Henrique
Zacarelli
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