Marcelo Zacarelli

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28 julho 2014

Bocas que se Calam


O vento passa com suas mãos sorrateiras
Apalpando tudo que vê pela frente,
As árvores derrubarão suas bocas
Uma a uma todas famintas,
Molhadas e contorcidas
Estremecidas as procuram entre si...

Umas as outras sedentas

Por um bocado de orvalho,
Que possam matar-lhes a sede
Folhas caídas pelo vento sufocadas,
Bailam sozinhas sem destino
A procura do par recalcado.

Até que as árvores produzam

Outras bocas,
A saudade subsistirá
Transpassando os corações,
Bocas que se encontram
Por alguma razão,
E se calam pela dor da solidão.

Marcelo Zacarelli
São Paulo, 10 de Maio de 2014





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