Eu devia saber que terminaria assim
A barba grisalha, esdruxula, crescida
Eu é que deveria me acostumar comigo
Assim tão cheio de mim, de alma vazia.
Preencho o quarto com tamanha solidão
Trancafiando enfim todo o pensamento
Tudo que restou de mim se resume em pôr do sol
Que toda tarde cai do firmamento.
Desço as ruas das lamentações
As tristes ruas de paralelepípedos
Dores e mais dores espalhadas pelo chão
Bocas a procura de sorrisos.
Eis que num outono gelado, geme;
Um coração fragmentado, devastado
Percorre por calçadas e bueiros
E desaparecem no uivar do vento.
Porém, mais uma noite se aproxima
Onde será que foi que me meti?
Preciso tomar um banho, arrumar a cama
Sem eu por perto não consigo dormir.
Amanhã de manhã, eu irei colocar a mesa
Vou tomar um café, refletir sobre o fim
Viver sem você á muito me deixou uma certeza
Eu devia saber que terminaria assim.
Marcelo Zacarelli
São Paulo, 15 de Agosto de 2014
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