Marcelo Zacarelli

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22 dezembro 2013

Père-Lachaise


Descanse em paz poesia
No útero das pedras, tuas árvores sombrias
As tuas lápides escondem segredos
Páginas de inspirações adormecidas
Para onde vão as lágrimas
Que por ti escorridas?
Para onde vão os pássaros
E suas fúnebres sinfonias?

As tuas terras que tragaram
A nobreza das artes e as poesias...
As tuas gavetas que acomodam
Os deuses celebres da imortalidade
Quando vomitarás dos teus seios
Tamanhas preciosidades?

Mas eu não!

Observo a chuva escorrer
No concreto gelado das tuas entranhas
Ouço um silêncio ensurdecedor
Na terra dos esquecimentos
E rogo para que as tuas jazidas
Cessem de preenchimentos.

Observo o cair da tarde
No fosso das faces violentadas
Interpreto um ser que perdeu a alma
No palco acinzentado da saudade
Declamo um poema da morte
Em detrimento da vida.

Um pouco mais
E já não podeis chorar por mim
Estou de visita
Como faz a noite todos os dias
De alguma forma, em qualquer coração
Eles farão as suas festas.

Mas eu não!

Se queres saber quem eu sou?
Acabo de nascer, na terra do esquecimento
Eu sou o amor, a dor, a morte...
Que descansa em um epitáfio
Em forma de poesia.

Marcelo Zacarelli
São Paulo, 21 de Dezembro de 2013


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