Marcelo Zacarelli

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19 janeiro 2014

A Morte das Brasas


Sabes que olhando pra você
E vê-la assim se apagando, morrendo lentamente
Porém, tens uma sorte danada
Não tenho aonde espreguiçar o meu corpo;
Adjuntos, umas às outras, fiéis ao fogo das paixões
Consomem a si mesmas, até as cinzas da morte.

Eu, porém, afoito comigo mesmo
Afronto meu colo sem dar calor
Não que não haja em mim a luz interior
Pois quem de mim se apossa, haja amor...

Sento a um pedaço de carvalho roliço
Fico a observar o fim de todas elas
Ardem-se febris, parecem não sentir
A proximidade da sua inexistência
Mas parecem felizes!

Que posso eu oferecê-las de bate pronto
Estou munido de um vazio enorme 
Maior que o infinito...
Não há nada que eu possa fazer
A não ser esperar pelo golpe fatal da casualidade.

E olha só quem aí está?
O crepúsculo chorando os seus orvalhos
Atingiu em cheio o coração das brasas
Daqui donde estou deu para sentir
A dor logo subiu esfumaçando.

Mais ainda bem que sofreram morte rápida
Sobressaíram-se bem sobre as dores;
E quanto a mim cabisbaixo
Sentado sobre o carvalho roliço
A morte até que tentou...
Não se pode matar um coração
Cuja brasa já fora apagada.

Mas ainda estou vivo
E fito o olhar incrédulo sobre todas elas
Porém, impossível não reconhecer
Adormecem nuas, semiapagadas
Tiveram estas uma sorte danada.

Marcelo Zacarelli
São Paulo, 10 de Janeiro de 2014



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